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Jornada pelo Rio Mar



Autor:Eva Ibbotson


austríaca Eva Ibbotson coleciona fãs ao redor do mundo com suas divertidas histórias sobre bruxas e fantasmas que encantam pela narrativa cheia de ação e bom humor. No seu mais recente lançamento, no entanto, ela deixa de lado esses seres do outro mundo para narrar uma aventura com ares de romance histórico que se passa em plena selva amazônica. E não decepciona em sua investida. Pelo contrário, Jornada pelo Rio Mar, que ganhou o prêmio Smarties, na Inglaterra, é um livro que encanta leitores de todas as idades e possui vários ingredientes de uma boa história juvenil: uma simpática e esperta menina órfã, parentes malvados, uma governanta severa, mas de bom coração, e amigos inesperados. Tudo isso contado com um frescor de linguagem que envolve e diverte. Ambientado entre a Inglaterra e o Brasil no início do século XX, o livro acompanha a trajetória de Maia, 13 anos, desde que deixa Londres para viver com tios que ela mal ouvira falar em Manaus. Para acompanhá-la, o advogado da família e tutor de Maia contratou uma governanta. Apesar de sua aparência estranha e seu jeito para lá de reservado, a senhorita Minton e Maia ficam amigas. A viagem, claro, guardava muitas surpresas. Passado o susto inicial, Maia se encanta com a possibilidade de viver novamente em família, ainda mais num lugar tão rico e bonito como o Amazonas. Mas as coisas não saem exatamente como a menina esperava. A família Carter não é propriamente acolhedora. Na verdade, são pessoas muito esquisitas que vivem isoladas, evitando todo tipo de contato com a gente brasileira, importando alimentos enlatados da Inglaterra que chegam à mesa sem gosto, cor, forma ou aroma algum; a casa é afastada e escura, e não tem na varanda a variedade de flores e plantas que Maia vira, encantada, nos livros e no leito do poderoso Rio Mar, o Amazonas, a bordo do navio que a levaria para sua nova vida. O pai é sisudo, a mãe tem mania de limpeza e as gêmeas... ah, as gêmeas definitivamente não são como a prima havia imaginado. As meninas com quem ela sonhou brincar alegremente no quintal não dão um passo para fora de casa, são burras, antipáticas e mimadas, e não perdem uma oportunidade de zombar de Maia. A vida tinha tudo para se tornar um inferno. Mas a órfã não deixa que isso aconteça. Com uma ajudinha da senhorita Minton aqui, um pouquinho de coragem ali, muita imaginação e algumas escapadas, a menina aos poucos descobre um mundo totalmente novo, faz amigos incríveis e vive aventuras de dar inveja. Maia se apaixona pela beleza e força do Brasil e de seus habitantes, e ajuda um menino inglês a realizar seu sonho de viver no país, em vez de voltar para a Inglaterra. Um romance daqueles que prendem a atenção e fazem o leitor torcer pelo final feliz. Além de ser uma sincera declaração de amor à Amazônia e ao Brasil, longe dos relatos estereotipados que existem por aí. Eva Ibbotson explica que há muitos anos é fascinada pela Amazônia. Desde que ouviu de um amigo a história da construção do grandioso teatro de Manaus, de como os barões da borracha ergueram a moderna cidade dentro da "selva indomável", mil e seiscentos quilômetros da embocadura do rio Amazonas, a escritora passou a pesquisar sobre a região. A história, no entanto, custou a nascer. Ela escreveu outros livros, se dedicou a muitos temas, antes de tecer a trama de Jornada pelo Rio Mar. Numa entrevista para a Booksense, importante publicação do meio literário, a escritora diz que não chegou a visitar a Amazônia para escrever o livro, preferiu imaginá-la de acordo com o que viu e ouviu sobre a região no início do século: "Eu li muito, pesquisei fotografias, assisti a filmes e vídeos sobre a vida selvagem da região, conversei com viajantes e tentei aprender algum português. Fiz muita pesquisa histórica sobre o ciclo da borracha, que levou imigrantes para o Amazonas na virada do século XX. Ser casada com um naturalista também foi muito importante", diz Eva Ibbotson. E completa: "Normalmente eu vou aos lugares sobre os quais escrevo, mas Manaus mudou muito do início do século para cá, e eu preferi ser fiel à cidade que povoou o meu imaginário esses anos todos."