Autor:Marcos Bagno
Nossa tradição educacional sempre negou a existência de uma pluralidade de normas lingüÃsticas dentro do universo da lÃngua portuguesa; a própria escola não reconhece que a norma padrão culta é apenas uma das muitas variedades possÃveis no uso do português e rejeita de forma intolerante qualquer manifestação lingüÃstica diferente, tratando muitas vezes os alunos como 'deficientes lingüÃsticos'. Marcos Bagno argumenta que falar diferente não é falar errado e o que pode parecer erro no português não-padrão tem uma explicação lógica, cientÃfica (lingüÃstica, histórica, sociológica, psicológica). Para explicar essa problemática, o autor reúne então n'A LÃNGUA DE EULÃLIA as universitárias Vera, SÃlvia e a esperta EmÃlia, que vão passar as férias na chácara da professora Irene. Sempre muito dedicada, Irene se reúne todos os dias com as três professoras do curso primário, transformando suas férias numa espécie de atualização pedagógica, em que as 'alunas' reciclam seus conhecimentos lingüÃsticos. Mais do que isso, Irene acaba criando um apoio para que as 'meninas' passem a encarar de uma nova maneira as variedades não-padrão da lÃngua portuguesa. A novela flui em diálogos deliciosamente informativos. A LÃNGUA DE EULÃLIA trata a sociolingüÃstica como ela deve ser tratada: com seriedade, mas sem sisudez.