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O Moleque Ricardo



Autor:José Lins do Rego


Com este romance, quarto na ordem cronológica de sua obra, José Lins do Rego deixou pela primeira vez o ambiente rural pelo ambiente urbano, através da experiência de um personagem. O moleque Ricardo, entretanto, não pretende ser o retrato da cidade contraposto o retrato do sertão de engenhos e canaviais, estabelecendo paralelos entre os dois meios. Será, antes, a aventura de Ricardo, personagem principal da obra, a conseqüência derradeira de um sistema e-conômico e social que só esse caminho lhe deixou ? o da fuga do interior para a capital, em busca de melhores oportunidades. Ricardo, o moleque do Santa Rosa, cria do coronel Paulino, companheiro de folguedos infantis do neto do senhor de engenho, amanhece um dia com um sonho desconhecido no pequeno coração inquieto. O apito longo dos trens que passam diante do engenho, ecoado pela solidão dos campos, parece a Ricardo um apelo, um chamado desconhecido a que ele não pode fugir. E a tentação vai crescendo na sua alma de adolescente, de moleque que nada mais pode esperar do engenho onde não passa de um objeto o de um divertimento para os senhores de seu corpo, de seu espírito, de sua existência. E é então que o moleque Ricardo foge ao sertão, ao engenho, à velha mãe preta carregada de molequinhos como ele, para atender ao chamado insistente da cidade que é agora o seu grande sonho de libertação. Deslumbrado e ainda roído de saudades, Ricardo entra um dia no Recife, pasma ante o novo cenário que se abre aos seus olhos, cenário de estranhas ressonâncias, de uma outra ordem que sua inteligência não tende a apreender. Integrando-se depois na vida urbana, entregando-se ao novo ambiente, Ricardo acaba por esquecer o engenho distante, como se fosse uma página que jamais seria ressuscitada. Seu destino, agora, estava na cidade, e ele o segue até o fim, mas com a alma ainda cheia, talvez, das paisagens esquecidas e longínquas da infância sertaneja. Ficha Técnica