Autor:Mario Benedetti
Na capa de “Correio do tempoâ€, uma mulher de pele branca e cabelos loiros está de camisola clara e no fundo de uma piscina. Essa imagem lÃmpida inspira tranqüilidade a quem a visualiza. Na contracapa, no entanto, temos a outra metade dessa figura: a mão esquerda da mulher está pressionada contra a parede de vidro da piscina, pressionada com força suficiente para que partes da palma e dos dedos tomem o tom de um horrÃvel e pálido branco; não podemos ver sua face, que está sob o negro do design, que também pode ser visto como uma tarja. Já na capa do livro, temos a dualidade de sentimentos e a imersão poeticamente dolorosa das palavras de Mário Benedetti. Os contos de Correio do tempo chamam atenção, logo de saÃda, pelos subtÃtulos de cada uma das partes que compõem a coletânea: Sinais de fumaça; Correio do tempo; As estações e Colofão. Interessante observar que, de fato, os textos inaugurais podem ser definidos como esses sinais, Ãndices muito preliminares do que, aos poucos, irá tomando corpo, no que se configurará a seguir. Assim, as narrativas dos Sinais de fumaça sugerem mais do que revelam, em diálogos densos que quase não explicitam nada, anunciando o que está por vir, tal como nas mensagens ritualÃsticas de comunicação entre certas tribos ancestrais, em que a fumaça exercia o poder subliminar de avisar que algo importante estaria acontecendo.