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KAFKA e a marca do corvo



Autor:Jeanette Rozsas


Franz Kafka é sem sombras de dúvidas um dos melhores escritores de língua alemã que conheço, se não o melhor. Com uma obra vasta, se levarmos em conta o pouco tempo que viveu, esse autor tcheco conseguiu deixar sua marca na literatura mundial, ainda que sua fama tenha sido póstuma, não permitindo ao autor desfrutar do seu sucesso. Fama essa que Kafka sequer sonhava ou ansiava para si. Cheio de uma extrema introversão, intrigava a todos, e seus livros são a perfeita expressão dessa excentricidade. Kafka e a Marca do Corvo é nada mais que um presente da autora Jeanette Rozsas àqueles que gostam de um bom romance biográfico e ao mesmo tempo desejam conhecer mais desse autor que se faz obrigatório. Marcado por símbolos obscuros, o autor, cujo nome em tcheco significa corvo, escreveu obras densas, num sufoco angustiante e claustrofóbico, como se as palavras fosse última maneira para respirar. Escrever talvez não chegasse a funcionar como um balão de oxigênio, mas era uma perfeita válvula de escape para amenizar as pressões, traumas e conflitos psicológicos que travava diariamente em seu interior. Dessa mente oprimida, mas ainda assim genial, surgiram clássicos indispensáveis a qualquer amante de boa literatura, e é possível citar A Metamorfose, O Processo, Carta ao Pai e Um Artista da Fome, entre tantas outras. Foi através de intensa pesquisa e leitura de suas obras, que Jeanette Rozsas construiu esse romance biográfico kafkiano. A obra não é acadêmica, muito menos técnica para estudiosos do autor, afinal é um romance, que além de informar entretém. Jeanette reescreve a história de Kafka, usando como base diários, cartas e as próprias obras do autor. O resultado é um livro muito bem feito, gostoso de ler e que não foge de fato do que aconteceu. Para maior fidelidade a autora resolveu se utilizar dos próprios escritos de Kafka [e sobre ele] para compor as falas do romance. Poder conversar regularmente com Jeanette me fez ver que ela é como uma caixinha de pandora, quando se trata de escrever livros. Depois que li seu As Sete Sombras do Gato, lançado pela editora Idea, cheguei a pensar que não seria surpreendido novamente por ela, ledo engano, e Kafka e a Marca do Corvo é prova disso. Parece que a autora tomou gosto pelos romances biográficos – e quem fica feliz somos nós amantes da boa literatura –, pois no momento a autora está em processo de produção de um novo romance do gênero, dessa vez sobre outro autor obscuro e igualmente venerado. Kafka carregava a marca do corvo, era alvo de um pai opressor e foi vítima de uma doença que já foi considerada uma peste, o que culminou em sua morte aos 40 anos, e ironicamente tudo isso pode ser traduzido do seu próprio nome. Ele vivia em Praga, e que cidade mais apropriada para quem já vivia uma vida de agouro? Foi por tantos fatos curiosos e pela importância do autor para a literatura, que Jeanette resolveu nos apresentar de forma tão gostosa, intensa e emocionante esse autor.